Nos últimos anos, um conceito vindo do mercado da moda começou a ganhar força em diferentes setores do consumo de alto padrão: o Quiet Luxury.
As marcas que seguem esse posicionamento têm particularidades bem evidentes que se refletem em tudo, inclusive na forma como se comunicam nas redes sociais. Ao contrário do que se imagina, elas não ignoram o digital.
Quer entender como funciona essa estratégia e por que o Quiet Luxury se tornou o novo símbolo de poder no mercado de alto padrão? Continue lendo.
O que é Quiet Luxury?
Quiet Luxury é o posicionamento de marcas de alto padrão que apostam na sofisticação como estratégia de valor. Essas marcas constroem autoridade por meio de produtos com altíssimo padrão de qualidade, materiais nobres, design minimalista e acabamento técnico impecável.
Muitas vezes, são peças visualmente simples — uma camisa branca, um suéter neutro, uma bolsa sem logotipo — mas com preços elevados, justificáveis pela qualidade extrema, escassez e percepção de exclusividade.
Historicamente, o mercado de luxo nasceu da extravagância, mas com o avanço das estratégias de branding, houve uma virada, e o Quiet Luxury surge para resgatar a essência do luxo como algo íntimo, reservado e orientado por um valor intrínseco.
Um artigo no portal de moda “Who What Wear” descreve o Quiet Luxury um movimento em que “a riqueza decidiu se rebaixar a um sussurro”.
Marcas como Loro Piana, The Row e Brunello Cucinelli são referências nesse estilo, porque oferecem produtos que são reconhecidos apenas por uma elite que compartilha os mesmos códigos estéticos e culturais.
Embora mais visível no universo da moda, o conceito de Quiet Luxury também está presente em outros setores. O mercado automotivo, a hotelaria e a gastronomia são alguns exemplos.
Como funciona a estratégia de escassez no Quiet Luxury?
Marcas que se baseiam no conceito de Quiet Luxury normalmente tornam o acesso aos produtos restrito para reforçar a ideia de que o verdadeiro luxo está no que é raro, discreto e só reconhecido por quem realmente entende.
Em vez de buscar visibilidade em massa, as marcas investem em exclusividade e produção limitada. Veja como isso acontece:
- As marcas não tentam agradar a todos. Elas criam produtos pensados para um público muito específico e exigente;
- Cada peça é feita em pequena escala. A venda acontece apenas em pontos selecionados ou por meio de curadoria privada;
- O logotipo quase nunca aparece. O prestígio vem dos materiais, do corte e da sofisticação invisível a olhos comuns.
- O valor da peça está nos códigos silenciosos. Quem entende reconhece — e quem não reconhece, não precisa entender.
Por que o Quiet Luxury atrai os consumidores?
O Quiet Luxury atrai os consumidores por uma combinação de fatores históricos, comportamentais e culturais que dialogam diretamente com o momento atual do consumo. A seguir, três motivos específicos explicam esse movimento:
1. Saturação do luxo ostentatório e busca por autenticidade
Durante décadas, marcas de luxo cresceram com base na visibilidade: logotipos grandes, vitrines chamativas e campanhas de impacto. Foram padrões que funcionaram como um símbolo claro de status, mas perderam força com o tempo.
O consumidor de alto padrão, hoje, busca autenticidade e valor real, e não mais apenas símbolos externos de riqueza. O Quiet Luxury atende a esse desejo ao colocar a qualidade e a exclusividade no centro da experiência, sem precisar anunciar isso.
2. A geração Z valoriza discrição, propósito e longevidade
Até 2030, a geração Y e a geração Z representarão entre 60 a 70% dos gastos globais com luxo (LUXONOMY Report, 2025). Crescendo em um ambiente hiperexposto, eles passaram a valorizar mais o significado por trás das escolhas.
O apelo está na autenticidade, na responsabilidade social e ambiental, e na sensação de que estão comprando algo com história e propósito, não apenas um “nome”.
Para essa geração, o verdadeiro luxo é duradouro, discreto e feito com atenção aos detalhes, exatamente o que o Quiet Luxury representa.
3. A elegância silenciosa virou um novo símbolo cultural de poder
Séries como Succession, da HBO, ajudaram a consolidar o Quiet Luxury como a nova estética do poder. Em vez de figurinos extravagantes, os personagens milionários da trama usam roupas sóbrias de marcas como Loro Piana, Brunello Cucinelli e The Row.
Essa representação cultural gerou impacto direto no comportamento de consumo. Quando a nova temporada de Succession começou em 2023, exploridam 6.100 buscas mensais por “Quiet Luxury” e 2.200 buscas mensais por “stealth wealth”.
A expressão “old-money style”, que também está tendo um momento no TikTok , viu 25.000 buscas mensais, acima das apenas 3.400 durante o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Google Trends.
Essa cresce busca reforça a ideia de que, hoje, quem realmente tem dinheiro e influência não precisa demonstrar isso de forma explícita.
Qual é a relação entre Quiet Luxury e branding?
A relação entre Quiet Luxury e branding está no modo como algumas marcas de luxo constroem valor sem precisar de visibilidade em massa. Em vez de apostar em exposição exagerada, marcas com o estilo Quiet Luxury usam estratégias de branding para comunicar identidade, sofisticação e exclusividade de forma sutil.
Veja os principais aspectos que definem essa relação:
- Visual minimalista com alto padrão, caracterizada por design limpo, cores neutras e tipografia que transmitem exclusividade logo no primeiro olhar;
- Ausência estratégica de logotipos, por que a marca não precisa se mostrar: o produto fala por si;
- Materiais e acabamentos como assinatura. O valor está na experiência sensorial, não no marketing explícito;
- A marca conta sua história sem prometer. Ela mostra legado, técnica e propósito de forma contida;
- Foco na comunidade, não na audiência. Não querem seguidores, porque a marca se conecta com quem compartilha valores;
- Campanhas são elegantes, com apelo emocional refinado. Sem “última chance”, sem descontos.
Quiet Luxury nas redes sociais: é possível?
Quiet Luxury nas redes sociais é possível, e já está acontecendo. Mesmo em plataformas feitas para mostrar tudo o tempo todo, como Instagram e TikTok, algumas marcas de luxo levam o mesmo estilo minimalista da roupa, da embalagem ou da loja para a forma como se comunicam online.
Como aplicar o Quiet Luxury nas redes sociais?
Quer levar o estilo do luxo discreto para as redes sociais? Veja os comportamentos mais comuns dessas marcas no Instagram, TikTok e outras plataformas para replicar:
Pouca frequência de postagens
Marcas de Quiet Luxury postam menos, com intervalos longos, para reforçar a exclusividade. Cada publicação do perfil é planejada sem depender de algoritmos ou tendências momentâneas.
Um bom exemplo é o perfil no Instagram da fabricante dos carros Rolls-Royce:
Paleta de cores neutras e consistentes
O visual dos feeds costuma usar tons sóbrios como bege, branco, cinza e azul-marinho.
A escolha das cores transmite calma, elegância e cria uma atmosfera de luxo. Veja, por exemplo, o perfil da empresa de áudio e televisores Bang & Olufsen:

Ausência de logotipos visíveis nos posts
As fotos evitam mostrar a marca de forma direta, e os produtos raramente têm identificação. A ideia é deixar que o olhar treinado reconheça o valor sem precisar de rótulo.
Um caso interessante é o perfil da marca francesa de artigos de luxo Hermès:

Foco em detalhes de textura e acabamento
As imagens publicadas por uma marca de luxo destacam o toque dos tecidos, o brilho do couro ou a costura perfeita. São detalhes silenciosos que substituem qualquer apelo visual.
Como referência, você pode usar as publicações da Manolo Blahnik, uma das melhores marcas de sapatos femininos:
Uso de lifestyle com baixa encenação
As fotos são naturais e tratam do produto vendido “em ação”. A naturalidade dos posts cria uma sensação de vida real sem parecer uma publicidade forçada.
Um caso interessante são as publicações da Leica, marca de câmeras, lentes e equipamentos ópticos:
Legendas refinadas
As legendas que acompanham os posts são diretos e com tom calmo. Nada de emojis, hashtags em excesso ou linguagem forçada — apenas palavras que ampliam a imagem.
Em muitos casos, você pode usar explicações sobre uma característica ou estilo associado ao produto. Veja, por exemplo, o post abaixo da marca de relógios Patek Philippe:
Ausência de call to action direto
Não há uma call to action como “clique aqui”, “compre agora” ou “link na bio” com tom agressivo. O objetivo das publicações é informar e envolver, não pressionar o consumidor a agir. Veja, por exemplo, as publicações da marca fabricante de pianos Steinway & Sons:

Marcas com o estilo Quiet Luxury não precisam disputar atenção com excesso de conteúdo ou apelos de venda. Se a sua marca também quer ser percebida por quem realmente importa, talvez seja hora de abandonar o barulho e investir em uma comunicação que vale mais pelo que não diz.
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